Dice la Radio Montalegre, desde la población raiana del mismo nombre, frente a las tierras bajas ourensanas, que "O segredo é passado d...
Dice la Radio Montalegre, desde la población raiana del mismo nombre, frente a las tierras bajas ourensanas, que "O segredo é passado de geração em geração. Homens e mulheres que transformam o saber em sabores que aguçam o palato em Pitoes das Junias"... Y nos hablan así de las tradicionales gestiones con las que preparar los embutidos y ahumados, tan célebres en esta zona esquina del Parque Nacional de Peneda Gerês.
"Em Pitões das Júnias, onde as serranias se debruçam sobre a aldeia como uma manta quente, o tempo corre sem pressa, como se a vida ali fosse um ciclo perpétuo de trabalho e tradição. O senhor Raposo, com a mãe Teresa, é uma dessas presenças que tornam a aldeia o que ela é: um refúgio de autenticidade e simplicidade. Juntos, mãe e filho, constroem uma pequena banca onde o produto que se oferece é o reflexo de uma vida feita de mãos calejadas pelo trabalho da terra.«É um rapaz prendado», diz Teresa, com um orgulho visível, como se falasse de um filho que herdou a sabedoria do campo, mas também a força da sua própria história. O senhor Raposo, com a chouriça na mão, esclarece aos curiosos que se aproximam as diferenças entre as carnes expostas. «Esta é para assar», diz, «tem outro gosto. As outras são para cozer, mas esta…», acrescenta, com a certeza de quem aprendeu o ofício desde pequeno. A chouriça, nas suas mãos, é um pedaço de história. Raposo, com paciência e dedicação, explica o que muitos não sabem, fazendo da sua banca uma escola viva de sabores e saberes.
Ao lado, a dona Ana, com a sua banca repleta de doces e iguarias, não tem mãos a medir. «Já foram todos», lamenta, com um sorriso maroto, enquanto observa os forasteiros que se deliciam com as suas pataniscas. Não há descanso para ela. «Agora, vou para casa, arregaçar as mangas e trazer mais», diz, sabendo que o trabalho não cessa, que a aldeia e os que por lá passam exigem o melhor, e ela está lá para dar. As pataniscas desaparecem num abrir e fechar de olhos, bem como os crepes, a marmelada ou a aletria.
E não é só Raposo e Ana que povoam as ruas da aldeia com os seus produtos. A meia duzia de metros, a vizinha que foi emigrante, com o fardo de ter deixado a terra natal para trás, vende bifanas, que, à medida que o dia passa, se tornam um prato desejado por quem se aventura até Pitões das Júnias. «Vivo cá e lá», diz, com a serenidade de quem dividiu a vida entre dois mundos. Os pais, que precisam de apoio, mantêm-na ligada à aldeia, e ela, aceitando o desafio da Junta, lançou-se no negócio. Sem hesitar, tornou-se parte daquela teia que mantém viva a aldeia, oferecendo aos forasteiros as suas deliciosas bifanas, um pedaço da cozinha tradicional que atrai e conquista.
Pitões das Júnias é uma aldeia que tem um mundo inteiro de sabores e cheiros. As antigas "loijas", outrora espaços onde se guardava a matéria-prima vinda do campo, servem agora como improvisados mercados. Ali, o aroma das couves, das batatas e das alheiras mistura-se com a sabedoria das mãos da dona Carrito, que com a calma e a paciência de quem conhece a terra como ninguém, continua a arte de fazer alheiras. «Cada coisa tem o seu tempo», diz, enquanto ajeita as alheiras na sua banca, com a mesma dedicação que tinha no tempo dos pais. A sua mão experiente, a sua postura serena, fazem da sua banca um templo de saberes antigos que, por lá, continuam a ser passados, com a precisão e o cuidado que só a tradição pode oferecer, tendo a lareira acesa e os presuntos dependurados.
Assim, em Pitões das Júnias, onde a terra é dura e o vento corta a pele, a vida segue com a tranquilidade de quem sabe que o trabalho, feito com amor e sabedoria, nunca se perde. Nas mãos do senhor Raposo, de Teresa, de dona Ana, e tantos mais, a aldeia sobrevive, reinventando-se a cada dia, mas sempre fiel às suas raízes. Entre as bancas improvisadas e os produtos frescos da terra, os forasteiros encontram um pedaço de alma que faz de Pitões das Júnias um lugar único"
MJA, in Radio MONTALEGRE)
Foto in Radio MONTALEGRE)